O que é ser ágil?

Nos negócios, quando se fala em agilidade, conceito que ganhou mais destaque nos últimos 20 anos, imediatamente se remete à ideia de entrega ou execução rápida, como se a avaliação dos resultados se submetesse apenas ao critério da velocidade. Esta imagem não está incorreta, mas incompleta.

No mundo do desenvolvimento de software, por exemplo, se surge uma demanda de ajuste por alguma regulamentação ou mudanças na legislação, esta entrega, sem sombra de dúvidas, vai ter muito mais valor para o cliente do que qualquer outro projeto futuro ou em andamento. Outro exemplo, mais corriqueiro: a churrascaria que prepara em segundos qualquer corte de carne não entrega valor algum para um cliente vegetariano.

A execução precisa ser, sim, veloz, mas deve também priorizar a maior entrega de valor no menor tempo possível. Além de finalizar tarefas em pequenos blocos (sprints) que possam ter importância para o cliente, e dele receber feedbacks ao longo do processo, de modo que não seja necessário construir um prédio inteiro para apenas no final descobrir que não atende às necessidades dos futuros moradores.

A agilidade compreende ciclos rápidos de entregas (parciais) de valor significativas, coleta de feedback e seu uso nas etapas seguintes, tornando os fluxos constantes.

Uma confusão comum acerca deste tema é profissionais que não atuam na área da tecnologia assumirem que isto não se aplica ao seu segmento de trabalho. Para refutar esta ideia, temos dois conceitos da Administração que sustentam a aplicação de Metodologias ágeis sem restrição de setor: visão holística e core business.

A visão holística significa ter a visão da empresa como um todo, como um organismo só, que tem as suas relações, seus valores e suas metas. Esta visão não permite que cada departamento se preocupe apenas de tornar ágeis seus próprios processos internos sem se interessar pelo impacto nos fluxos dos demais setores. A empresa não será ágil sem, como se diz, “quebrar as paredes” e melhorar as relações interdepartamentais com uma comunicação transparente e processos fluidos.

O core business é o coração, o negócio principal da empresa. Evidente que uma lavanderia também precisa pagar contas, mas seu negócio principal será sempre o lavar e secar roupas. Não parece aceitável que, por exemplo, burocracias do setor financeiro impactem negativamente na entrega deste serviço. Ou que se gaste mais energia, tempo e recursos em processos de um setor staff (de apoio). A empresa não será ágil se a agilidades estiver apenas no setor da operação, ou se nem todos os demais setores partilharem da ideia de que existem para apoiar a operação principal.

Muitas vezes, o modelo que funciona para uma empresa, não apresenta os mesmos resultados em outra. As razões variam: porte da empresa, nível de departamentalização, ramo de negócio, volume de demandas, entre outros. O importante é não perder o foco do objetivo de ser ágil, remover lentidão e processos que não agregam valor, manter constante a avaliação e melhoria nos processos, inclusive, na própria aplicação das Metodologias Ágeis.

Falando em avaliar, cabe destacar a diretiva primária, que deve dar o tom de feedbacks de avaliação dos envolvidos no processo, especialmente o time interno. Esta diretiva considera que cada um fez o seu melhor nas condições de que dispunha no momento, sejam conhecimentos, recursos ou tempo. A partir deste ponto é que se constroem as melhorias que podem ser feitas nos próximos ciclos.

A aplicação das Metodologias Ágeis é infinita e seus benefícios são inúmeros. Especialmente nos dias atuais em que os cenários mudam com frequência e a tomada de decisão precisa ser mais veloz. Tornar-se ágil é um processo que exige abertura a mudanças e disposição, mas que certamente vale a pena.